Vivendo ...

"Todo o homem saudável consegue ficar dois dias sem comer - sem a poesia, jamais."

Charles Baudelaire

domingo, 6 de novembro de 2011

O fim da escuridão




I


É simplesmente inexplicável, a dor,
Que por meses dividiu minh’alma,
Roubou da respiração a calma
E do corpo levou o calor.
É fato, ainda que deprimente,
Que, não sendo sincero,
Mesmo que com esmero,
O amor, para sempre, não se sente.
Desaparece, deixando apenas vazio,
Às vezes, lágrimas, pena, morte...
Sentimentos ruins de toda a sorte,
Juntos, esquecidos no fundo de um rio.



II

Quando tudo era escuridão,
Permiti-me retirar o capuz
E, ainda trôpego, andar na contramão,
Seguindo o caminho contrário à luz.
Regulei a vida e parei de desejar,
Afinal, se não há sofrimento,
Nada pode me machucar;
Nada pode me trazer tormento.
Desta forma, segui meu rumo,
Pontual, cirúrgico, enfadonho!
Escondi o amor no fundo de um sonho,
No qual, noite após noite, apenas sumo.



III 
 
Olhos secos e não mais esquecidos,
Contemplam agora horizontes desconhecidos.
O medo foi completamente abandonado,
Como se jamais meu coração tivesse habitado.
O teu sorriso é um alento.
Leva a mais profunda tristeza
Com um sopro leve de vento...
Me impressiona tamanha destreza!
É delicioso não ser correspondido.
É como sair no escuro,
Num mar de emoções, perdido,
Sem saber o que achar do outro lado do muro.
Ao invés da inércia da segurança,
Escolho a aventura de me apaixonar.
É bem provável que ainda haja esperança
De um dia poder te conquistar.
Sobre o futuro?
Que se construa a partir do presente,
Pois... Você sente?
À minha volta já não está mais escuro.


Por Thiago Vieira

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