Enquanto todos jazem em formol,
Acreditando serem espertos,
Observo, feliz, mais um por do sol
Com os olhos bem abertos.
A doce efemeridade do momento
Contrasta com os planos futuros,
Fabricantes de parco contentamento,
Que isolam os homens em becos escuros.
Presos, como animais enjaulados,
Condenam a si mesmos, com destreza,
À pena mais enfadonha aos condenados:
A uma vida inteira repleta de certeza;
Às mesmas atitudes sãs;
Aos mesmos beijos e olhar;
Às mesmas cerimônias das manhãs;
Ao mesmo modo de amar...
Não! Eu não quero novas bocas,
Muito menos outros olhos para olhar.
Quero apenas incertezas, ainda que poucas,
Para nunca deixar de sonhar.
Por Thiago Vieira
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